Dakar - Paso San Francisco

Dakar - Paso San Francisco

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011






Um registro: o quarto era tão quente, apesar do ventilador de teto, que a roupa lavada na noite anterior estava seca agora de manhã.
Bem, o dia prometia. Estava um amanhecer bonito, ensolarado, mas já estava aquecendo. Não sabíamos até onde iríamos hoje, deixamos para decidir no caminho até que se cansasse. Moto abastecida e lubrificada.
As diferentes e bonitas plantações e os rebanhos de gado eram o nosso acompanhamento. Seguiamos pela Ruta 7. Uma rápida parada para o abastecimento em Rufino, e água, e novo abastecimento em Junin, e mais água e um lanchinho básico.
Nesse trajeto também se observa o gado confinado para o abate.
Na troca de Ruta, desviando de Buenos Aires (decidimos ir por Colon/Paissandu) a paisagem fica ainda melhor. Os Haras que se apresentam ao longo da rodovia são amplos e muito lindos. Um deles chega a ser algo irreal de tão grande e charmoso.
A intenção era de passar a noite em Zarate, mas a estrada estava boa e era cedo para parar. Tínhamos gás ainda para viajar.
Seguimos pelo “Complejo Union Nacional” em direção a Ceibas. Pista dupla e ótimo asfalto.
Continuamos pelo “Caminos Del Rio Uruguay”, região bastante alagada, mas com algumas criações de gado.
A fiscalização é constante e o Luis conhecendo esta polícia, resolveu obedecer toda e qualquer placa informativa, ate porque a pista agora é simples e bastante movimentada, principalmente por ser sexta-feira, e os argentinos seguem em direção ao litoral brasileiro. Essa Ruta vai ao norte até a triplice fronteira – Arg/BR/Par.
Os motoristas argentinos não respeitam muito as leis de trânsito e ultrapassam em local proibido aleatoriamente, mesmo sabendo que a policia estava em constante fiscalização, com seus radares apostos.
Quase no final para sair da Argentina, em Gualeguaychu, no trevo que leva à cidade, a policia mandou o Luis parar. Estavam em três, dois homens e uma mulher. O Luis estava sentindo que seria parado a qualquer momento. Um policial chegou no Luis, para, bastante embaraçado, dizer que teria cometido uma irregularidade, o segundo foi em direção ao trailer, então veio a policial dizer que o Luis teria passado do limite de velocidade. E isto não aconteceu em momento algum, porque eu fiquei acompanhando as placas de velocidade e a que o Luis estava andando. A policial encaminhou o Luis para o trailer, e aquele policial que entrou antes disse que a multa era de $ 875 pesos argentinos (algo como U$S 220,00) porque teria cometido uma falta gravissima. O Luis solicitou a imagem e eles informaram que só teriam em mãos depois das 20h30min, e que teriam sido avisados por telefone da irregularidade.
O Luis questionou sobre as ultrapassagens dos carros argentinos e eles disseram que estas multas vão por correio. Então o Luis disse que queria o comprovante para fazer o pagamento no banco e porque ali ele não teria dinheiro. Quando alegou que não tinha dinheiro, somente “tarjeta”, eles iniciaram a “negociação”.
Eles questionaram quanto o Luis poderia pagar e então aceitaram o que nos restava de pesos argentinos.
, nos deixando com apenas 20 pesos para a gasolina. Saiu barato: 50 pesos = U$S12,50 de propina. Essa é a caraminera argentina mais corrupta, e desse local. Todos os argentinas sabem disso(e o governo também), mas não fazem ou não querem fazer nada. O povo argentino tem vergonha desse “achaque” descarado.
Foi um longo caminho e uma longa espera ate este desfecho. Bastante estressante.Continuando a jornada, agora ainda mais cautelosos, resolvemos seguir ate Colon. Antes de chegar a Colon, andando “despacito”, vimos um guarda no canteiro central da rodovia, sem qualquer radar, e percebemos que assim que passávamos, ele olhou para nós e fez um comunicado via rádio. Já sentíamos o que viria. Não deu outra: nova barreira policial. Nos pararam. Assim que o Luís parou e levantando o capacete, gritou alto, de forma sintomática, “OUTRA VEZ NÃO!”, e logo em seguida já foi dizendo pro policial que tinha sido parado alguns quilômetros antes por algo que não fez. Não sei se foi por isso ou não, mas o guarda somente pediu os documentos e desejou “boa viagem”. Mas do outro lado da pista haviam dois carros de brasileiros que recém foram “achaqueados”, pois suas caras já diziam tudo. É somente com os brasileiros.Enfim,passou. Colon é uma cidade praiana (Rio Uruguai), hoteis lotados, e decidimos então atravessar a fronteira, pensávamos que pela hora seria tranqüilo.
Chega um ponto que a gente pensa que não tem mais força pra nada, mas também não vê a hora de voltar, então é melhor encarar o esforço e seguir em frente.
Quando chegamos na aduana para Paissandu, antes da ponte havia uma fila. O Luis conseguiu ir ate o inicio e conversou com os policiais.
Em seguida abriram as cancelas e seguimos em fila indiana ate a ”Ponte internacional General Jose Artigas”, e para nossa surpresa, a fila continuava, e em cima da ponte.
Bom, o dia tinha sido bastante pesado, então pedi pro Luis seguir à frente lentamente, já que outras motos também passavam. Na verdade, demos uma de “fura-fila”.
Chegamos na aduana,e o guarda nos passou para uma fila e ficamos aguardando. Esta aduana é bastante demorada.
Na saída para o Uruguai, o guarda mandou a gente seguir sem apresentar nenhum documento.
Já bastante escuro devido ao adiantado da hora, decidimos ir ate Taquarembo, enfrentar os 240km de estrada ruim.
E realmente, ainda não tinha visto coisa pior do que esta estrada. Terrível e ainda à noite. O Luis teve que ir muito lentamente e com muita atenção, apesar da tensão que isto estava causando. A pior parte foi com o ripio (em dois pequenos trechos)para poder segurar a moto, pois estava muito alto. Havia no segundo trecho um carro fora da pista, sendo atendido por uma ambulância.
Apesar da estrada ruim, a noite estava maravilhosa, estrelada e com lua crescente. Na última hora terminaram a carga das baterias do intercomunicador. Daí foi silêncio até chegar em Taquarembó.
Chegamos em Taquarembo a uma hora da madrugada. Graças a Deus havia vaga no hotel Carlos Gardel (muito bom, por sinal). Estávamos com receio de não conseguir vaga, com o tanto de carros argentinos vindo para o Brasil e que passaram por nós.
Como o restaurante do hotel estava fechado, fomos ate o restaurante que também já havia encerrado, mas resolveram nos atender com uma salada, ate porque àquela hora não seria possível muito mais. Na realidade queríamos mais um banho e cama. Ah... e uma (duas) cervejas bem geladas. Hoje batemos nosso recorde de distância nessa viagem: 1042 km rodados. Ufa!

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