Dakar - Paso San Francisco

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sábado, 31 de dezembro de 2011

La Junta-CH - 31/12/2011






Estou em La Junta-CH, depois de rodar 195 km desde Trevelin-AR. Esta viagem/aventura posso denominar de “Um olho no gato e outro no peixe”. O gato é a estrada; o peixe a paisagem. Aqui, qualquer descuido, é chão. Saí ileso nesta primeira etapa, mas não foi fácil. O visual que a natureza nos proporciona é espetacular, cujo registro das fotos é mero resumo. Saí de Trevelin um pouco tarde(08:45 hs), com 25 graus; o casal do Paraná já tinha saído logo depois do café. Depois de rodados 40 km, chego à fronteira AR/CH, cujos trâmites (com passaporte sempre é melhor) foram rápidos. Nesses 40 km já começa um rípio ruim, com pedras muito soltas. Após a fronteira, tem 10km de asfalto. Até Futaleufú-CH oscila entre regular e bom, porém, depois, há trechos muito ruins, sendo que o pior tinha +- 300/400 metros, onde andei somente em primeira marcha, parando a cada 10/20 metros, descansava um pouco, e seguia nesse ritmo até passar. Pela minha mente surgia a dúvida de até onde iria esse pesadelo, imaginando que até estaria sujeito a ser por muitos quilômetros; neste momento eu vacilei sobre a decisão de andar por aqui. Felizmente passei, mas com sustos. Esse ripio estava muito alto e com pedras grandes. Resumindo: fiquei com dor nos dedos e mão de tanto apertar o guidão (talvez até tenha amassado o punho/guidão; claro, exagerando... um pouco). O contraste de rios, estrada bruta, árvores e montanhas, algumas ainda cobertas com neve, tornam a viagem leve, descontraída pelo embevecer contagioso que o visual causa na pessoa. A única coisa que gostaria de fazer mais era parar, descer da moto, fotografar, e, em alguns lugares, caminhar para procurar melhores ângulos; aqui, nestes poucos quase 200 km, os olhos devem se movimentar rapidamente, seja para ver um novo perfil fotogênico da natureza, em especial a parte que a estrada acompanha o Rio Futaleufú, seja para cuidar a estrada. Futaleufú-CH é uma pequena cidade (ou pueblo) com relativa estrutura para hospedagem e restaurantes, com serviço de combustível. Passei por Villa Santa Lucia, lugarejo sem a necessário infraestrutura, local este que é confluência da ruta (estrada) que vem de Futaleufú, com a famosa Ruta 7 (Carretera Austral) que vem desde Puerto Mont-CH, indo até Villa O’Higgins, por onde agora estou me aventurando. Depois daquele pesadelo no ripio, há alternâncias de apenas ruim, de mais ou menos, e (pouco) bom. Até consegui, em três oportunidades, de engatar a 5 marcha, atingindo os 80 km/h. Aliás, parece que a policia do Chile faz piada quando coloca placas com dizeres de “Velocidade sugerida:40 km/h”, como se pudéssemos chegar perto dos 40! Ou de 20! Quando saí hoje de manhã, temperatura agradável, coloquei a luva sem dedos. Distraído pelas belezas que passava, não percebi que o sol chegou (e ficou por muito tempo) nos 41 graus, o que queimou o dorso das mãos. Já próximo de La Junta, uns 40 km, rasguei um papel e coloquei na mão, preso por baixo da luva; aliviou. Nunca pensei que aqui, nesta região quase antártica (é patagônia chilena), pudesse fazer e se manter 41 graus. A estrada, principalmente a Ruta 7, tem muitas “costeletas”, o que faz sacudir até a alma, e todos os parafusos(da moto, porque a essa altura não sei se tenho algum). Porém, prefiro essas “costeletas” do que as pedras soltas e altas, pois pelo menos é um chão mais firme. Concluindo: todo cuidado é pouco, muito pouco! Cheguei em La Junta às 16:00 horas, e fui direto abastecer a moto. É uma cidade com também relativa infraestrutura de hospedagem e alimentação. Procurei um hotel (bom) e me indicaram o Hotel Espacio&Tiempo. É muito bom, mas com preço salgado (US$75,00 já com choro e descontos). Quando cheguei, novamente a coincidência de encontrar o amigo Cleverson hospedado aqui, e estava arrumando a sua moto. Ao lado havia duas motos BMW, acidentadas, de dois italianos, que tombaram nesse trecho de Futaleufú para cá. Um com clavícula quebrada, o outro com pulmão perfurado. Isso hoje! Relato esse episódio para vocês realmente saberem que não é fácil andar nessa estrada, e para mim também, para estar consciente disso e tomar toda cautela.Hoje à noite vou me dar o luxo de participar da ceia de ano-novo aqui no hotel, ao preço de US$ 20,00 com tudo incluído. Afinal, é ano-novo, e daqui pra frente é certo que não terei mais hotéis “luxo”. Amanhã terei um pouco mais de 100 km de ripio, e depois asfalto por uns 160 km, não sabendo certo onde ficarei. Agora, enquanto escrevo, na sombra, tomando uma cerveja, começou a esfriar. Venci. Venci mais uma etapa desta aventura prazeirosa. Novamente desejo a todos um FELIZ ANO NOVO, pois aqui tem WiFi!

2 comentários:

  1. Estou encantada com as imagens...são um sonho! Cuide-se com as estradas de cascalhos, traiçoeiras! Boa sorte e boa aventura! Um feliz ano novo, seja feliz! Maira

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  2. Olá Luiz, Feliz Ano novo. Parabens pela aventura. Só quem viaja de moto sabe o quanto isto é bom. Estamos te acompanhado para saber as dicas porque estaremos saindo dia 8/01 para a carretera austral só que entraremos por puerto mont.Desejamos que continues fazendo uma boa viagem.
    Abraços
    Eliseu

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