Dakar - Paso San Francisco

Dakar - Paso San Francisco

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

15jan - Fiambala/AR a Copiapo/CH (Paso San Francisco)

ripio perigoso, montanhas, Laguna Verde

rípio brabo...

paisagem em 180º - Visual que não cansa o olhar...

legal, não? melhor estando aqui...

lugar com muitos bolsões de areia

36 km asfalto novo, antes aduana do Chile

descida - Costa - da Cordilheira - Chile

um dos refúgios existentes no lado Argentino

sol do amanhecer na Cordilheira

... e o sol brilha

água corrente e cristalina, no deserto (AR)

bela combinação...


dois vulcões ao fundo...

paisagem em 180º

visão pra frente e para trás...

... ainda subindo...


branco da neve cortado pelo asfalto negro

7ºC - frio nesse visual?

Paso San Francisco -  4.726 msnm

...nevou muito à noite...

Laguna Verde - CH

que tal?
Que loucura! Show de trajeto. Saimos pelas 07:15 horas. Tempo bom, temperatura agradável, em torno de 20oC. Distribuí as folhas de coca para mante-las na boca durante o dia, sugando aos poucos o sumo, para assim evitar o mal de Soroche, ou de Puma, ou da Montanha.  Até a fronteira com o Chile são 210 km, todo asfaltado. A subida da Cordilheira pelo lado argentino sempre é mais suave, gostoso de pilotar. À medida que subíamos a temperatura descia, chegando a 7oC, o que estava ótimo. O visual das montanhas deste lado argentino é espetacular, sofrendo nuances de diversas tonalidades, com cores mais suaves e de vários tons, modificando conforme as rochas e por vezes de ralas vegetações, sempre em contraste com o azul e nuvens do céu, e do branco da neve nos picos das montanhas. Acompanhamos o sol iniciando seu esplendor ao bater no alto das montanhas, o que cria uma plástica fotográfica da natureza muito bonita. Em alguns pontos desse trajeto as montanhas tem uma tonalidade vermelha. Não parávamos muito, para não sofrer atrasos, porque não queríamos correr o risco de chegar à noite em Copiapó-CH. Preocupação desnecessária; vale a pena parar mais, bem mais, pois a cada curva é um visual diferente.  Diante desse colírio para os olhos fomos até a aduana argentina, situada a 24 km antes da fronteira, para os trâmites legais. Existem, por todo esse trajeto   na Argentina, vários refúgios de emergência, dotados, supostamente, pelo que se percebe, de comunicação telefônica. Importante destacar que há, poucos metros depois da aduana, um local com banheiro e com combustível para emergência, este extraído de tonéis, com um preço um pouco maior. Pelo menos, na emergência, se tem combustível, mas devemos tomar o cuidado para filtrar com um pano, para não correr "riscos". Abastecemos, cada um, para garantia, com 2 litros. Aproveitamos a parada e também colocamos parte da gasolina extra(5 litros). Antes de chegarmos à aduana, quando paramos para fotografar (aí encontrei o jovem casal da hosteria), parou um veículo, vindo da aduana, e nos disse que estava retornando porque não havia passagem (estava "cerrado") por causa da intensa nevasca da noite anterior. Resolvemos seguir adiante, e ir até onde fosse possível. Nesse trajeto, em especial nas partes mais altas (pilotando entre 4.000 a 4.700 msnm), são inúmeros os vulcões que se avista, alguns ainda ativos, outros não, mas que dão o colorido e charme (cereja no bolo) à paisagem. Passada a aduana, e continuando a subir, iniciou o frio maior, este obviamente acompanhado de neve pelo caminho, estando em vários pontos a mostrar um lençol branco por todo o horizonte, cortado apenas pelo asfalto negro. Estes são momentos em que não se quer que a estrada termine, que não nos afastemos desse "fazer parte" da paisagem. Não se cansa e não se nota o tempo passar, e as distâncias diminuirem. Já nesse trajeto começa uma leva pressão na cabeça e na nuca, aumentada, em muito, quando se chega aos pontos mais altos. Essa pressão e dor na nuca e cabeça varia de pessoa para pessoa. Dessa vez senti esse incômodo, provavelmente por causa do longo tempo em que se fica rodando na altitude entre 4.000 a 4.700 msnm, e também pelo grande esforço físico nos terríveis rípios do Chile. Ultrapassando o objetivo principal desta viagem - o Paso San Francisco, este o segundo mais alto das Américas, a 4.726 msnm -,  ingressamos no Chile, agora em diante por estrada de ripio. No inicio, seguimos com mais cautela, pois ainda havia um pouco de neve pelo caminho, o que torna a terra mais fofa e perigosa. Para informação, o rípio ruim, perigoso,  foi pelos primeiros 77 quilometros, principalmente quando se passava pelos bolsões de areia, o que provocava o afundamento da roda dianteira e, havendo por baixo desses bolsões pedras e costeletas, fazia com que a roda da frente não tivessémos o controle total.  Nesse trajeto de 77 km por quatro vezes quase medi(ou comprei) terreno (cair), quando a moto dançava de um lado pro outro. Mesmo parando e engatando uma primeira, e com os pés no chão, era difícil. Nesse trecho, quase ao final, encontramos uma dupla - pai e filho - com respectivas motos, estas mais leves e próprias para o terreno, sendo que o filho recém havia caído num desses bolsões, tendo quebrado o pedal do freio traseiro. Eles tinham experiência e nos orientaram a parar antes dos bolsões de areia, engatar uma segunda ou terceira marcha, e acelerar. Fiz isso, melhorou, mas várias vezes a moto apagou em pleno areião. Outra coisa que me arrisquei a fazer, de vez em quando, era andar de pé na moto, acelerando mais e numa marcha menor. Foi uma sensação diferente, inicialmente com muita insegurança e medo, mas aos poucos fui me adaptando, ainda com certa ou demasiada cautela. Realmente notei a diferença de enfrentar o ripio, principalmente quando mais fofo e pedras misturado, sendo melhor de pé do que sentado. Ficar de pé(meio agachado) na moto força muito os músculos das coxas e os braços. Em algumas dessas oportunidades percebi que a roda traseira ia dançando, mas bem tracionada e acelerada, estando a roda da frente sempre melhor controlada e menos suscetível ao piso irregular. Gostei muito dessa nova experiência. Da fronteira até a aduana do Chile são aproximadamente 110 km. Hoje, por exemplo, já se encontram asfaltados 36km. Segundo a policia da aduana chilena, em dois anos estarão prontos esses outros 77 km. Não sei se isso é bom ou não, porque se por um lado facilita o trânsito (e aumento de turistas), por outro lado retira esse "glamour" de aventura sob condições difíceis. Pouco depois de passar o Paso San Francisco, já no Chile, chegamos à Laguna Verde, extensa lagoa de água salgada, a 4.200 msnm, que nos acompanha, à direita,  por muitos quilômetros. Ao seu redor é criado um visual digno de posters, com suas águas de tom esverdeado (dessa vez não tão vibrante, pois havia muitas nuvens, porque seu tom esmeralda é melhor destacado quando o sol for mais forte) refletindo, como um espelho, as montanhas e vulcão de fundos, estes com seus picos cobertos de neve, contrastando ainda com o azul do céu. Magnífico! A certa altura, todos já cansados fisicamente pelos esforços de controle das motos, mas compensados pela adrenalina provocada, o Alexandre não estava se sentindo muito bem - tontura, pressão na cabeça e nuca. Paramos, e lhe forneci mais um pouco de folha de coca, junto com uma aspirina. Segundo ele, depois disso ele melhorou um pouco. O visual e paisagem desse lado das Cordilheiras, embora muito bonito, no seu conjunto não são tão bonitos como do lado argentino, talvez porque neste a beleza é por quase 200 km de extensão. Mas se analisarmos somente os primeiros 80/90 km rodados no Chile, teremos mais emoção, mais aventura, e num contexto insólito e belo. Na aduana chilena demorou um pouco(o que é normal no Chile), mas foi tudo bem. Eles (policiais) nos informaram que dia 5 ou 7 de janeiro, dois motociclistas, de um grupo de motociclistas brasileiros, se acidentaram muito feio nesse trajeto de 77 km, cujas motos não puderam mais rodar e os pilotos foram para o hospital. Pediram para termos muito cuidado, embora o pior tenha passado. A partir da aduana o ripio aos poucos começa a ficar "consolidado", já indo em direção à descida das Cordilheiras, portanto, melhor para pilotar. Nos últimos 50/60 quilômetros antes de Copiapó-CH, esse ripio quase se transforma num asfalto, mantido o melhor conservado possível, uma vez que devem dar boas condições ao intenso tráfego de caminhões das minas existentes na região. Obviamente que essa parte final não traz atrativos ou emoções. A última parte ainda emotiva e com razoável beleza plástica, são as Costas (descidas das montanhas de forma um tanto abruptas, antes de chegar nesse ripio consolidado) existentes, cuja estrada, com muitos locais em obras, ora subindo ou descendo, serpenteando essas Costas e com alguns pontos com curvas fechadas. Chegamos em Copiapó-CH às 17:00 horas, ou seja, fizemos a travessia em 9h45min, abaixo da média que fica entre 10/12 horas (por isso devíamos ter parado mais para tirar fotos). Rodamos no dia 483 km. Abastecemos as motos e fomos procurar hotel. Os primeiros dois estavam lotados, e o terceiro tinha vaga, mas as motos ficavam muito expostas para as manobras dos veículos no estacionamento. O Alexandre ficou nessa hosteria, e eu e o Roni fomos procurar outro hotel. Nisso, na rua, um motociclista (Eduardo) parou e nos perguntou se tínhamos algum problema. Informamos sobre conseguir hotel e ele pediu pra segui-lo. No primeiro, um tanto assustador, no segundo, mais ou menos, no terceiro melhorou, mas o local ainda era meio "estranho". Então ele nos levou pra praça central, onde ficamos num ótimo hotel - Hotel Diego de Almeida = US$ 166,00 a diária). Acho que valeu a pena, porque naquele primeiro, em modestas condições e estacionamento, era US$ 100,00. A diferença compensava! Esse motociclista (Eduardo) é muito conhecido na cidade, e dos policiais, que incrivelmente param a viatura ou suas motos para tirar "sarro" com o mesmo. Questionado, ele explicou: "sou o mecânico de motos deles". Boa pessoa, e prestativo. Quando chegamos das montanhas, o Alexandre tinha problemas com a corrente da moto, muito solta, e patinava. Solução que deixaria para amanhã. A preocupação com a falta de combustível não se concretizou. Consumi 29 litros para 483 km, o que deu uma média muito boa de 16,6 km/l nesse trajeto.

2 comentários:

  1. Plein, boa noite! Não sei quando nem se vc vai ver isto, mas precisava da sua ajuda. Estarei indo dia 23/março próximo fazer o Paso San Francisco, sentido Fiambalá - Copiapó, exatamente como vc fez, agora em janeiro. Devo ir com mais 5 ou 6 companheiros, todos de big trail, a maioria BMW R1200GS Adventure e GS800. O meu receio maior é este trecho (+-80km) entre a aduana argentina e chilena, este rípio fofo com bolsões de areia. O que acha, conseguimos passar tranquilo? Vc chegou a murchar um pouco o pneu da sua moto? Levou gasolina, água e comida? Acha que se sairmos bem cedo de Fiambalá (7 hs por exemplo), conseguimos chegar antes do anoitecer em Copiapó? E não é só isso: no outro dia, quero voltar pelo Paso Agua Negra, se Deus quiser! Só tenho medo de pegar chuva e neve lá em cima, e virar barro com frio, aí fica complicado, ou o Paso estiver fechado por causa de avalanches ou desmoronamentos. Se puder me ajudar, serei muito grato! Obrigado!
    Marcio A. Roberto - Campo Grande/MS
    http://confrarianaestrada.blogspot.com.br/

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  2. Marcio. Desculpe a demora, acessei somente hoje (27/3) porque estou na Italia desde 19/3. As respostas estao exatamente no meu blog, nesse trecho. Vao tranquilos, porem com cuidado nos bolsoes. Murchei os pneus. E bom levar agua e algo pouco para comer. Calcula 10/11 horas para atravessar.Boa viagem.

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