Hoje levantei mais ou menos cedo(08:00 horas), preparei as maletas, deixei a roupa de viagem pronta, e fui logo abastecer a moto. Depois retornei ao hotel, tomei o ' desayuno' (pagando). Em seguida fui ao centro(?) cambiar o pouco que restou de peso chileno por dólar, para não ficar com moeda estrangeira desses paises visitados. Fiz isso também no Peru, e farei na Argentina. Fiquei sabendo por um policial chileno que o Passo de Jama estava 'cerrado', eis que havia caído muita neve durante a noite e cedo de manhã. A liberação sairia pelas 10:00 horas. Assim, aproveitei o tempo para adiantar a saída (documentação) junto a aduana chilena. Foi rápido: 10 minutos. Quando saí do hotel já fui devidamente fardado para o frio, usando os forros térmicos e balaclave. Moto na estrada, já nos primeiros quilometros comecei a ficar apreenssivo, pois comecei a subir e a moto dessa vez não estava correspondendo, faltando força e velocidade. Olhando no horizonte, as nuvens baixas, carregadas e escuras, não me davam boa perspectiva, o que aumentou a apreensão. Normalmente fico analisando o GPS em outras páginas(funções), mas dessa vez adotei o uso do altímetro, para assim acompanhar a variação da altitude, tendo como parâmetro o registro de altiutude máxima da ida(4.820 metros do nível do mar), e a pressão atmosférica. Percebi que a pressão atmosférica esta diminuindo rapidamente à medida que subia, e conclui que essa perda de força da moto estava mais relacionada à pressão, do que à altitude. No momento mais crítico marcava 535 mb. Minha conclusão se confirmou quando o tempo começou aos poucos a abrir e aparecer o sol, e isso que eu ainda estava subindo - já passando dos 4.000 metros -, e a pressão atmosfèrica subiu um pouco (atingindo mínimo de 570 mb), o que fez com que a moto normalizasse a força e velocidade. A partir daí foi somente curtição pelas belas paisagens que esse deserto proporciona, em ótima estrada, acompanhado pelo sol e nuvens. Dessa vez não me preocupei em tirar fotos, apenas em olhar e pensar. Para não dizer que não tirei fotos, na ida não parei numa atraçao que são umas rochas altas no meio do deserto, e dessa vez parei(parei não, porque tive que entrar uns 500 metros no deserto, por caminho de pedras(ripio) e areia grossa/terra não muito firme. Valeu! e serviu como teste para a moto e piloto, porque quando o chão não era firme coloquei os dois pés raspando no chão para equilibrio e dei aceleração maior em segunda marcha, como me disseram para fazer. Funcionou legal. Ah... arrisquei nesse ponto porque se desse uma zebra, a estrada não estava distante e sempre há veículos passando para ajudar. Aliás, considerando o que já passei pelas estradas(quando não havia, claro) , principalmente pelo Peru, ou os desvios em face às obras de asfalto, e agora esse último, acho que foi um bom teste para mim e para a moto, o que me dá maior seguranca (e audácia) de enfrentar o Paso de Águas Negras, numa próxima oportunidade que há de surgir. Quero destacar para quem tem dúvida ou apreensão sobre o deserto, que o deserto de Atacama é relativamente movimentado, o que nos faz sentir que não há abandono à sorte em caso de alguma emergência, ao contrário do que imaginava quando das pesquisas e análises das imagens via satélite. É tranquilo demais viajar por aqui, não havendo qualquer temor. O deserto de Atacama é limpo e suave, um tanto diferente do primeiro trecho de deserto no Peru. Fico a imaginar e divagar sobre o tempo - não o meteorológico . Acho que depois da saúde o tempo é o bem mais precioso. Não existe conjugação para ele no passado, tampouco no futuro. É instantâneo; é o momento de agora. Por isso o tempo deve ser aproveitado o máximo, e não deixar para depois aquilo que se deve fazer ou dizer, pois poderá ser tarde demais. Quem tenta buscar um tempo que passou, ou projetar um tempo de lá adiante, está esquecendo do tempo já. Tempo, tempo... faça acontecer! A aduana argentina no Paso de Jama também foi rápida, cerca de 15 minutos. Acho que hoje as aduanas se superaram. Cheguei no hostal Pastos Chicos bem cedo - 15:30 - e uma turma de motociclistas de São Paulo estava de saída para o Brasil.
Fiquei na dúvida se acompanhava eles até S.S. Jujuy, ou não. Resolvi primeiro almoçar e pensar o que fazer. Pelos cálculos eu chegaria tranquilamente em Purmamarca ou S.S.Jujuy antes do sol se pôr, o que me adiantaria 120/200 km. Mas durante o almoço o tempo deu uma virada, com relâmpagos e chuva, apesar de fraca, muito fria. Provavelmente também estaria chovendo nessa direção, e daí achei que a melhor solução era descansar e aproveitar a internet do hostal(lenta, claro) para as atualizações da página, e porque pegar chuva na Cordilheira(chega-se a 4.740 metros) não seria recomendável. Mais tarde veio um sol brilhante e bonito, quando ainda estou escrevendo. Hoje fiz apenas 280 km, mas amanhã, se o tempo permitir, vou andar o máximo possível. O problema é que não há boas opções de hospedagem no caminho. Paciência, nem sempre se consegue hospedagem 1 estrela...
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