Organizamos as coisas sem pressa, porque o Luís queria ter certeza de que eu estava bem recuperada.
O nosso objetivo era atravessar a fronteira em direção a São Pedro de Atacama, distante 280 km. Ainda antes de sair, o Luis foi avisado que teria um resto de combustível na bomba do posto, mas teria que abastecer logo, antes do sol esquentar, pois com o frio da noite o gás do tanque diminui sua expansão e, com isso, faz subir um pouco a gasolina. Realmente isso aconteceu, e conseguiram abastecer 14 litros e daí efetivamente terminou a gasolina no posto. Vivendo e aprendendo.
Seguimos em direção a Paso de Jama. Com um dia muito lindo, como diz o Luis, um “céu de Brigadeiro”, uma nova paisagem se mostrava à minha frente. Temperatura entre 15 e 22 graus. Fomos conversando o tempo todo pelo interfone sobre a natureza neste percurso. Nesse momento não nos damos conta do tempo, que passa rápido. Entre Susques e SPA se roda na maior parte do tempo entre 4.000 a 4.500 metros de altitude, sempre com a natureza apresentando uma nova beleza a cada reta ou curva, tudo muito suave. Estes momentos máximos da viagem nas "alturas" ficam guardados na memória pelo que os olhos vislumbrarem, e também relembrados pelo registrado por fotografias. Seguimos em frente e chegamos às Salinas Grandes, cruzando-a pelo meio. É diferente. É bonito.
Quando chegamos na fronteira o Luís ficou admirado com o novo Posto de Aduana. Uma nova construção existe ali, uma área ampla, com aquecimentos e cadeiras para as pessoas aguardarem o atendimento. Foi rápido, ágil e sem burocracia. Salientamos que se estiver com o passaporte será mais eficiente. Eu acredito que levamos em torno de vinte minutos.
Junto à nova aduana argentina tem um posto de combustível moderno e sem qualquer problema de falta de combustível. Segundo o frentista, o combustível neste posto é sempre garantido. Tem também um pequeno motel para emergência, com quatro quartos. Tudo muito moderno. Este posto (com conveniência) foi construído há dois anos, um ano após o Luís ter cruzado esta fronteira. E novamente iniciou-se outra subida, agora pelo lado chileno. Nessa parte do Chile atingimos a altitude máxima de aproximadamente 4.820 metros ao nível do mar. Quando se está a essa altitude, e se pára para fotografar, vale sempre recomendar que se desça tranquilamente da moto e não se faça nenhum movimento brusco, pois com certeza irá faltar ar. A temperatura continuava agradável (agora entre 17 a 23 graus marcados no termômetro), mas com sensação de 10 a 18. Paramos algumas vezes para fotografar e registrar esses momentos vividos. A moto tem se comportado bem nessa altitude. Fomos parados pela policia chilena, que pediram os documentos. Quando o Luis foi entregar, disseram para seguir. Pilotar e viajar pelas montanhas do altiplano dos Andes é maravilhoso, despertando uma sensação muito boa de paz e liberdade. Há nestas montanhas um colorido diferente, alternando as tonalidades entre a mistura de um deserto um pouco plano, com o recortar das montanhas, tendo a estrada como uma espécie de divisor. Tudo isso em combinação com o azul do céu e nuvens. Nos últimos 40/50 km inicia uma descida que vai dos 4.500 aos 2.500 metros, e sempre tendo por companhia o visual do deslumbrande vulcão Licamcabur.
Chegamos a SPA pelas 16:00 horas, cujos trâmites de entrada não demoraram muito(conseguimos chegar antes de uma excursão). Vistos liberados, procuramos o hotel que tínhamos reservado, e achamos fácil.
A partir daí, fizemos à pé um “tour” pela cidade, esta diferente de qualquer cidade que podemos conhecer. Tudo muito parecido, ruas, casas, hotéis, comércio, etc., em chão batido, poeira e casas de barro. É sua tipicidade que a torna charmosa e bonita, bastando entrar no clima dessa cidade e dos turistas que a freqüentam. Logo na chegada, já fizemos a compra de dois pacotes turísticos: primeiro para os gêiser, vale da morte e da luna, e o segundo para as lagoas e visitas a povoados.