Acordamos com o barulho da chuva, o que implicava em usar capas de chuva. O Luis tinha ainda o problema da maleta que precisava ser amarrada, então acabou atrasando um pouquinho.
Seguimos pela estrada da Ruta 9 antiga – CORNIZA -que nos levaria a São Salvador de Jujuy. Apesar da chuva, que aos poucos foi dando uma trégua, foi espetacular. São muitas curvas e a estrada é estreita, passando apenas Uumoto e um carro. Mas vale a pena, porque a paisagem é lindíssima, entre floresta e diversos sítios, pouco movimento de veículos, em apenas 90 km, apesar de se levar umas 2 horas para percorrê-la. Infelizmente é essa pouca distância! Como o Luis já conhecia o trajeto, foi à frente da turma.
Chegamos a Jujuy com muita chuva, e paramos para abastecer. Com a greve que está acontecendo na Argentina, o posto que tiver combustível é preciso parar, nem que seja para colocar 2 litros, porque nunca se sabe o que nos aguardava. Poucos postos tinham combustível e isto estava causando um grande problema para toda a população e aos turistas.
Nosso objetivo era almoçar em Tilcara, então seguimos viagem. A partir daí é difícil de descrever o que se vê, não tenho palavras para tamanha beleza que se estende neste trajeto. Por vezes fiquei emocionada com o que estava vendo. Tenho repetido para o meu marido que as fotos que estou tirando são meramente para registrar, porque realmente o que fica é a imagem dos nossos olhos. As montanhas, os formatos e diferentes cores. O trajeto a partir de Jujuy(mais especificamente a partir de Volcan) é pela conhecida Quebrada de Humauaca. São pequenas e médias montanhas cortadas, formando uma depressão, estando a estrada a dividi-las, proporcionando esse trecho uma beleza ímpar, de uma natureza perfeita.
Chegamos no restaurante em Tilcara.
Logo após o almoço tentamos novamente negociar combustível, e isto estava, realmente, ficando muito chato, e preocupante. E novamente nada conseguimos.
Agora nossa meta era ir até Purmamarca, cidade que nossos companheiros iriam pousar e nós iríamos até Susques.
Quando chegamos no trevinho de acesso a Purmamarca, o Luís me falou que teria outra surpresa. Realmente, se eu já estava deslumbrada com a paisagem por que passamos, agora então foi com as montanhas coloridas. As cores daquelas montanhas são surpreendentes. Em Purmamarca tem a famosa montanha das 7 cores.
Em Purmamarca nos despedimos dos amigos que encontramos, e seguimos viagem ao nosso próximo destino. Começamos, então, uma subida suave cuja estrada serpenteava – caracol - as montanhas, com muitas curvas e penhascos, até atingir a altitude de 4.170 metros ao nível do mar. Nesse trajeto de subida, quando se desce da moto para apreciar e fotografar, causa falta de ar, devendo ter o cuidado de não fazer esforços ou movimentos bruscos. Esse trecho dá uma sensação diferente, aprazível e aventureira, pois deve-se ter muito cuidado na pilotagem, visto que a beleza do lugar pode tirar a atenção.
O visual da descida dessas montanhas é de tirar o fôlego (que já não sobrou muito), passando depois pelo Salar Grande, para então chegar a Susques.
Em Susques pousamos no hotel Pastos Chicos, que o Luis já havia se hospedado. Recomendamos esse hotel. Até então não sabíamos se teria combustível nesse hotel(posto ao lado), o que obviamente se confirmou: não tinha. O responsável pelo hotel – Pablo, também motociclista – disse que daria um jeito, mas achava que no posto da fronteira – Paso de Jama - ( a 120 km) deveria ter combustível. Logo na chegada ao hotel, e ao iniciar este relatório no computador, comecei a me sentir mal. Resultado: tive o chamado “mal de soroche”, ou "mal de puna", que dá calafrios e muita pressão na cabeça, por causa da altitude. Nem todas as pessoas tem os mesmos sintomas. Foi horrível. A cura é descansar(deitar), não comer nada, e beber muito chá de coca(ou água sem gás). Não é aconselhável tomar comprimido para dor de cabeça. Tive que tomar um pouco de oxigênio (não pode ser mais de 1 minuto). Até amanhã.