Dakar - Paso San Francisco

Dakar - Paso San Francisco

sábado, 8 de janeiro de 2011






Hoje nossa viagem segue até Arequipa. Na realidade iríamos até Nasca, mas esta opção foi descartada. Resolvemos ver o Canion Colca. No hotel nos informaram que não choveria cedo, talvez mais à tardinha. Então seguimos em direção a carretera em direção a Arequipa.
E o tempo começou a mudar. As nuvens estavam carregadas, então o Luis resolveu parar no acostamento mesmo, para colocar a roupa de chuva.
E não demorou muito para chover. A chuva continuou muito intensa e, ao longe, avistávamos relâmpagos. O Luis estava preocupado com percurso de asfalto ruim de 40km, passando Pucara em direção a Juliaca, porque se assim já era ruim, imaginem com chuva.
Em Silcani o Luis resolveu abastecer e conferir com o frentista sobre a carretera até Cusco. A carretera que está registrada no GPS e consta no mapa não está asfaltada, por isso continuamos pela mesma até Juliaca. Infelizmente teríamos que enfrentar, acredito eu, a pior cidade que passamos. Na ida já foi um sufoco.
Seguimos viagem, e agora já sabíamos que seria mais longa do que a previsão. O tempo piorou e tivemos que enfrentar até a chuva de granizo. Passamos o asfalto ruim com um pouco menos de chuva e paramos para abastecer um pouco antes da cidade de Juliaca. Bem, a frentista que atendeu não tinha conhecimento da cidade de Arequipa, e, para completar, não sabia dar o troco sobre o valor a ser pago. Foi muita confusão. Não é para se admirar não, pois o nome da cidade é Juliaca, um verdadeiro caos do inicio ao fim. E novamente enfrentamos o trânsito caótico.
No Peru, pudemos constatar a falta de placas informativas. Simplesmente não há. E se Juliaca já é complicada somente para cruzar, imaginem a gente precisando cortar caminho por ela para seguir depois em outra direção?. Não, vocês não podem fazer idéia, é ainda mais difícil. Nem o guarda da cidade sabia informar o trajeto correto a ser seguido. Mandou o Luis seguir à frente por duas quadras, quando, na realidade, era contramão. A coisa começou a piorar. O Luis foi obrigado a sair desta via e resolveu dobrar a primeira esquina à esquerda, e daí uma senhora se assustou e caiu, mas tudo bem, nada demais. Se a gente estava achado ruim, a coisa piorou. Era um beco assustador, pelo menos para nós. O Luis resolveu deduzir a saída e foi seguindo, virando as esquinas e tentando sair daquele caos. Perguntou a outro guarda, que tentou desenhar um trajeto para a saída até a carretera, foi quando avistou um ônibus e disse para o Luis segui-lo, pois este iria até Arequipa. E lá fomos nós. Complicado né, pior era estar pilotando. Segurar a moto pesada e controlar o trânsito com suas motos, motos-táxi, carros, vans, bicicletas e feiras e as pessoas transitando sem nenhum cuidado, realmente não é nada fácil. Nesta confusão não consegui nem pegar a maquina para novamente registrar. Fiquei somente a observar e tentar auxiliar no que podia, mas é bastante difícil.
Depois de alguns transtornos chegamos a uma rodovia que parecia ser a que devíamos seguir, mas o Luis resolveu confirmar com outra pessoa. Para nosso alivio estava certo. Era só seguir em frente.
Passado o sufoco, agora sem chuva e com o sol dando as caras de vez em quando, pudemos nos deliciar por uma rodovia perfeita, com variáveis de pequenas retas e curvas de todo o tipo que, segundo o Luís, é o que todo motociclista deseja. A paisagem é bonita, correndo a carretera entre montanhas baixas, cercada por vegetação baixa(pastos), onde haviam rebanhos de gado, ovelhas e vicunhas. Esse visual fez-nos esquecer de Juliaca. Bom, a carretera continuava perfeita, mas à medida em que íamos avançando, e depois de passar por um lago (Pesquero) muito lindo, começamos a subir, na mesma proporção que descia inversamente a temperatura. Ingressamos então na Reserva Nacional, um deserto com rala vegetação nas alturas, entre 3.500 a 4500 metros. O tempo começou a fechar. Havia vento. De repente, ao longe, observamos manchas brancas na montanha, o que parecia ser rochas. Nisso começou a chover fraco e um motorista que cruzou por nós fez sinal para que diminuíssemos a velocidade. Não demorou o Luis percebeu que a chuva era de granizo pequeno(neve congelada), e que a pista estava coberta de gelo. Eram de 3 a 5 cm de gelo, o que fez com que o Luis deixasse de acelerar para que a moto reduzisse a velocidade pelo motor, pois não poderia frear sob pena de (é quase certo) a moto derrapar. A paisagem virou um branco de neve. O gelo batia nas pernas. Seguimos, com todo o cuidado, em 2 marcha, pelo trilho deixado por um caminhão que nos ultrapassou. Essa tensão durou por uns 20 km. E o frio, pelo termômetro da moto, já estava em zero grau, mas em cima dela estava menos. Passado a neve e gelo, também começou a diminuir a chuva. Essa Reserva Nacional é muito grande,não existindo viva alma nela. Assim que termina a reserva, fomos brindados com um por de sol maravilhoso, todo avermelhado. Se não pudemos tirar fotos da neve, por ser perigoso parar na pista, agora estacionamos no acostamento e registramos o momento. É a bonanza depois da tempestade. A partir daí há uma sucessão de curvas, já um tanto escuro, mas pude perceber os cânions ao lado direito da pista; achei bastante assustador.
Quando chegamos a Arequipa, já era noite, e para completar o dia, a chuva voltou. Procuramos hotel sob aquele trânsito maluco que é comum no Peru. Enfim, devidamente hospedados, jantamos e fomos ao merecido descanso. Ah... não vamos fazer a excursão dos Canion Colca, pois a duração é de um dia, e o tempo tá curto e a previsão era de chuva.

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